Dois fatores vão influenciar o banho quente: a vazão de água e a potência do chuveiro. A vazão é a quantidade de líquido que sai pelos buraquinhos da ducha. “Quanto maior a vazão, mais fria a água”, explica o engenheiro eletricista Ricardo Savas Fuhrmeister. Isso porque, continua, a mesma quantidade de calor vai ter que aquecer uma quantidade maior de líquido.
>> Existe diferença entre ducha e chuveiro?
E qual a quantidade de calor? Isso é determinado pela potência da resistência do chuveiro, medida em quilowatts. Na verdade, todas as duchas têm a capacidade de elevar a temperatura da água uma quantidade máxima de graus, ou seja, se a água vem mais fria, sai mais fria, e se chega mais quente, também sai mais quente. Por exemplo, se o equipamento sobe a temperatura em 30 graus Celsius e a água entrar a 10°C, o banho será a 40°C. Já se a água estiver a 20°C, atingirá 50°C.
Por isso os chuveiros têm a opção de inverno/verão ou quente/morno. No verão ou morno, apenas uma parte da potência do chuveiro é usada, para que o aquecimento seja adequado. O número de graus que a ducha pode elevar a água está discriminado na embalagem, e na hora da compra é a forma mais fácil de optar entre um e outro modelo. “Eu escolho a partir dessa informação”, aconselha Fuhrmeister.
220V ou 110V
Teoricamente, não haveria diferença entre um chuveiro 220V ou 110V, mas, na prática, o chuveiro 220V esquenta um pouco mais. “O corpo humano é muito sensível a essas pequenas alterações de temperatura da água, então conseguir que ela saia 1°C ou 2°C mais quente, já faz toda a diferença”, explica o engenheiro eletricista, para quem vale à pena ter a ducha de voltagem maior.
A rede elétrica necessária para receber o equipamento 220V ou 110V também tem diferenças. Com menor voltagem (110V), mantendo-se a potência, é preciso que a fiação seja mais grossa pois a quantidade de corrente elétrica que passa pelos fios será maior. Por exemplo, para uma ducha de 5 kW, os fios devem ter 10 milímetros quadrados na rede 110V, enquanto que na rede 220V bastam 6 mm².
Por que “a chave cai”?
E sabe quando no meio do banho o chuveiro desliga porque caiu o disjuntor quando alguém ligou o micro-ondas ou o aquecedor na sala? Culpa da fiação, que não está preparada para um consumo tão grande de energia ao mesmo tempo.
Para conferir para qual consumo a fiação do imóvel está preparada? A dica é olhar na caixa de luz o valor que está marcado no disjuntor. O mínimo necessário na rede 220V é 25 amperes, enquanto para a 110V esse número é 40 A – no exemplo do equipamento de 5 kW, o mínimo seria 50 A.
Segundo Fuhrmeister, com a correta fiação e o disjuntor adequado, é possível ter um chuveiro 220V mesmo que o resto da casa seja 110V. Para isso, faz-se uma ligação bifásica, que permite a distribuição da corrente – em ligações monofásicas, o disjuntor cai. Para saber se o imóvel já está ou não pronto para isso, o engenheiro indica a contratação de um eletricista.
Com tudo adequado, o morador pode trocar sozinhio seu chuveiro – sem precisar recorrer a especialistas. A dica aqui é seguir corretamente as instruções de instalação – por exemplo: puxar ao menos sete centímetros de fio para fora da parede, enrolar bem as duas pontas para que não haja interrupções na passagem de energia, e isolar com fita a junção de fios. É interessante também usar o conector cerâmico, que substitui a tomada na parede e garante a segurança da instalação.
Pressão da água
Segundo o engenheiro civil José Roberto Scarpetta Alves, a pressão da água depende da altura da caixa d’água. Ou seja, quanto mais alta estiver a caixa, maior a pressão. Para quem está debaixo do chuveiro, a diferença na verdade é na vazão, diretamente proporcional à pressão. Quanto maior a diferença de altura entre a ducha e a caixa d’água, maior a vazão.
Redutor de pressão
“Do oitavo andar para baixo, costuma-se usar o redutor de pressão, uma peça que vai na entrada do cano e faz com que menos água entre no chuveiro”, orienta. Com menos água para ser aquecida, mais quente ela sai para quem está tomando o banho. Mas o engenheiro ressalta que não se deve usar o redutor em alturas menores do que três pavimentos, pois a quantidade de água acaba sendo muito pequena e causa superaquecimento no chuveiro e na rede elétrica.
Em imóveis onde a pressão da água é muito baixa – ou quando o aquecedor está muito longe da ducha -, pode-se usar um pressurizador. O equipamento elétrico permite ter mais vazão, e em casas com aquecedor, acelera a chegada da água quente do aquecedor até o banheiro. Uma alternativa ao pressurizador é aumentar a potência do aquecedor, mas o consumo de energia, nesse último caso, é mais alto.
Consumo
De acordo com Fuhrmeister, usar chuveiro 220V ou 110V não faz diferença na conta de luz. Isso porque o medidor conta quantos quilowatts são consumidos por hora, ou seja, o valor depende da potência da ducha – 4 kW, 5kW, 7,5 kW.
Mitos e verdades
> Chuveiro de plástico derrete?
Hoje em dia, segundo Fuhrmeister, não derrete mais. Antigamente existia essa possibilidade, pois o material dos conectores – componentes que fazem o chuveiro ligar quando entram em contato – era de qualidade inferior. Eventualmente os conectores derretiam e ficavam grudados, ou seja, o chuveiro ficava ligado mesmo após o registro ser fechado. Sem água, a resistência poderia superaquecer e causar algum tipo de derretimento.
“Mas o que derrete, e é bem comum, é aquela tomada que muitas pessoas instalam no box para ligar o chuveiro”, alerta o engenheiro eletricista. Segundo ele, não se deve fazer isso, pois a tomada comum não é preparada para receber tanta corrente quanto é necessário para alimentar uma ducha – em números, o máximo que a tomada aguenta é 20 A, e a corrente de um chuveiro em geral é de ao menos 25 A. O que acontece é que a tomada fica sobrecarregada e acaba derretendo, o que pode levar até a um incêndio. E essa tomada nem pode ser protegida pelo disjuntor, porque o disjuntor só cai quando a corrente é maior do que deveria. “Só que o disjuntor do chuveiro é de 25 A, 40 A, 50 A, então uma corrente de 25 A que prejudica a tomada não indica perigo ao disjuntor”, esclarece. O ideal na hora de instalar a ducha é usar o conector cerâmico ou fazer a ligação direta entre os fios do equipamento e os fios da rede elétrica do imóvel.
> Chuveiro de metal pode matar?
Pode. “Esse tipo de chuveiro já foi até apelidado de ‘el matador’, porque houve muitos casos de pessoas que morreram eletrocutadas por ele”, lembra Fuhrmeister. Segundo o especialista, o problema é quando a resistência queima e se parte. Uma das extremidades pode encostar no corpo do chuveiro, e transferir para ele a eletricidade que recebe da fiação. Como o corpo é de metal, um material condutor, quem está tomando e encostar no chuveiro pode tomar um choque.
Fonte: revistapenseimoveis.com.br
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